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Varíola dos macacos

Informativo por Sociedade Brasileira de Primatologia 

 

31 de maio de 2022

 

Desde o dia 13 de maio de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recebido relatos sobre a circulação de uma doença zoonótica conhecida como “Varíola dos Macacos”. Essa doença é causada pelo vírus Monkeypox, pertencente ao gênero Orthopoxivirus, o mesmo da Varíola humana – esta erradicada mundialmente desde a década de 1980, enquanto o vírus Monkeypox tem taxa de transmissão menor e com severidade muito mais branda.

Desde maio, segundo a OMS, pessoas com essa enfermidade foram identificadas em 22 países fora da África: Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Emirados Árabes, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Israel, Itália, México, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça, e com casos em investigação no Brasil. Até o momento, não foi identificado o animal considerado reservatório na natureza, ou seja, aquele que carrega o vírus sem apresentar sinais clínicos. Entretanto, pesquisas realizadas em 1950, identificaram a infecção em primatas-não-humanos e roedores (fig 1). A doença está presente na forma 2 endêmica (esporádica ocorrência de casos), em países da África Central e Ocidental. Em 2003, foi registrado um surto nos Estados Unidos da América, considerado o primeiro surto deste vírus fora da África, após roedores serem importados daquele continente como animais de estimação (pets), disseminando o vírus para uma espécie de roedor nativo da América do Norte, conhecidos como cães-da-pradaria (Família Sciuridae), e depois destes para as pessoas. Em 2017-2018, houve um surto na Nigéria, com relatos de casos suspeitos e confirmados em mais de 100 pessoas, com suspeitas de transmissão humano-humano. 

Nos casos relatados nesse momento, não foi possível identificar um animal ou local de origem da transmissão da doença, o que torna nesse momento sua origem quase um fator irrelevante, tendo em vista que a transmissão também tem ocorrido de pessoas para pessoas (transmissão comunitária de humano-humano) sendo essa forma de contágio o fator relevante para o estabelecimento de medidas de controle. 

Assim, as instituições signatárias deste informe vêm esclarecer que, apesar do vírus receber a nomenclatura de varíola dos macacos, o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. Todas as transmissões identificadas até o momento pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas.

É importante ressaltar que os macacos (primatas não-humanos) não são os “vilões”, e sim vítimas como nós (humanos), e não devem sofrer nenhuma retaliação, tais como agressões, mortes, afugentamento, ou quaisquer tipos de maus tratos por parte da população. O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica. Muitos microrganismos afetam a saúde de primatas humanos e não-humanos, sendo que muitas vezes os primatas adoecem antes e isto nos alerta antecipadamente sobre a presença de uma doença que pode causar impacto sobre a saúde das pessoas. Ou seja, os macacos servem como animais sentinela sobre o risco de estarmos expostos a doenças.

Os primatas fazem parte da nossa biodiversidade, têm importante papel na manutenção das florestas e auxiliam nos serviços ecossistêmicos – serviços reguladores que a natureza nos presta, como na polinização, dispersão de sementes nativas, controle de pragas, etc. Com isso, os primatas contribuem com a manutenção da saúde ambiental e humana.

Caso você possua algum primata não-humano e por receio dessa virose não se sinta confortável em mantê-lo, deve entregar aos órgãos competentes, IBAMA ou Centro de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, mesmo que o animal não seja de origem legal. Nunca solte na natureza! Ao avistarem algum macaco doente ou morto, avisem aos órgãos de saúde do seu município!

Preservem os primatas!
 

Referências

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/monkeypox

https://www.who.int/emergencies/disease-outbreak-news/item/2022-DON385 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7823380/
https://virological.org/t/first-draft-genome-sequence-of-monkeypox-virus-associated-withthe-suspected-multi-country-outbreak-may-2022-confirmed-case-in-portugal/799
Silva NIO, de Oliveira JS, Kroon EG, Trindade GS, Drumond BP. Here, There, and Everywhere: The Wide Host Range and Geographic Distribution of Zoonotic Orthopoxviruses. Viruses. 2020;13(1):43. Published 2020 Dec 30. doi:10.3390/v13010043
Yinka-Ogunleye A, et al. Outbreak of human monkeypox in Nigeria in 2017-18: a clinical and epidemiological report. Lancet Infect Dis. 2019;19(8):872-879. doi: 10.1016/S1473- 3099(19)30294-4 https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A3o-da-pradaria

Veja aqui: Comunicado na íntegra